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terça-feira, 10 de julho de 2012

FOI-SE UMA PIFIA RIO+20 MAS RESTAM OS GANCHOS

Apesar da superficialidade e de graves omissões, a declaração da Rio+20 indica o início ou a retomada de processos positivos. Selecionamos dez pontos de atenção cujos efeitos práticos dependerão principalmente do acompanhamento da sociedade

 

Há um mundo de sutilezas técnicas que separa a linguagem diplomática daquela que empenhamos no nosso dia-a-dia. Mas, em essência, a diferença nem é tão grande assim. Se reconhecemos os nossos problemas e declaramos a necessidade de mudança, há dois resultados possíveis: uma epifania que desencadeará ações concretas em direção a uma vida nova ou um momento fugaz de consciência que se diluirá na inércia dos velhos hábitos, sem maiores consequências.

Quando os países dizem algo semelhante, a bifurcação é a mesma. Pode dar em tudo, pode dar em nada. Depende do que virá depois. Essa dualidade ajuda a explicar, ao mesmo tempo, a decepção e a necessidade de agarrar os ganchos, embora tímidos, espalhados pela declaração oficial da Rio+20.

 

É claro que, passados vinte anos da Rio-92, e após dois anos de negociações direcionadas à nova Cúpula da Terra, a mera constatação dos desafios é insatisfatória. Os 283 parágrafos do documento O Futuro que Queremos apresentam intenções quando deveriam tratar de ação; flutuam no genérico quando já era hora de decidir pelo específico.

 

Mas como a energia dos milhares de atores não governamentais que se encontraram no Rio de Janeiro não pode e nem será desperdiçada, é fundamental conhecer os processos em andamento a partir das decisões tomadas na conferência. Admite-se que uma declaração consensual de 188 países sempre terá um peso político relevante. Quaisquer resultados práticos dependerão do nível de acompanhamento da sociedade civil organizada sobre as providências prometidas.

A seguir, selecionamos dez pontos a partir dos quais ações podem ser tomadas, acompanhados de um resumo e da indicação dos parágrafos correspondentes no texto oficial. Alguns desses processos devem ser iniciados já em 2012. Apresentamos, ainda, um diagrama que esclarece a lógica narrativa da declaração, espécie de guia de leitura. E tomamos a liberdade de resumir a essência do texto, nas palavras de Aron Belinky, coordenador de processos internacionais do Instituto Vitae Civilis.

 

É também de Belinky o depoimento capturado em vídeo por Alan Dubner (abaixo), durante debate na Arena Socioambiental, no dia 22 de junho. A análise vigorosa aprofunda o diagnóstico que apresentamos aqui, entre outros aspectos relativos ao balanço da Rio+20.

Aron Belinky na Rio + 20 from Alan Dubner on Vimeo.

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