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domingo, 6 de maio de 2012

V ENCONTRO LATINO-AMERICANO E CARIBENHO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA E COMÉRCIO JUSTO - 10 a 13 de junho, no Rio de Janeiro, Brasil

Vinte anos depois da Rio 92 os governos do mundo se reunirão mais uma vez na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, denominada “Rio+20”, pretendendo fazer um balanço das metas e compromissos estabelecidos nestas duas décadas. Tudo indica, dadas as declarações preliminares, que no debate da Rio+20 não está previsto que se aborde de frente a crise do Planeta, causado por um modelo que prioriza somente a produção e o consumo capitalista. Em vez disso, a agenda terá as mesmas receitas, a diferença é que agora promove a chamada “Economia Verde”.

Ao mesmo tempo, durante estes vinte anos, diferentes atores sociais engendraram práticas econômicas que se contrapõem ao modelo dominante de economia. São práticas fundadas em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza em geral e de capital em particular.

 

A economia solidária ressurge como resgate da luta histórica das trabalhadoras e dos trabalhadores, como defesa contra a exploração do trabalho humano e como alternativa ao modo capitalista de organizar as relações sociais dos seres humanos entre si e destes com a natureza. A economia solidária rejeita a proposta de mercantilização das pessoas e da natureza. As experiências, que se alimentam de fontes tão diversas como as práticas de reciprocidade dos povos indígenas e dos princípios do cooperativismo aperfeiçoados e recriados, ganharam múltiplas formas e maneiras de expressar-se.

 

Os atores da Economia Solidária se organizam em fóruns e redes, constituindo-se em um novo movimento social. O movimento se fortaleceu e ganha, ano a ano, visibilidade e reconhecimento da sociedade civil e dos Estados como redes que reúnem e aproximam práticas econômicas mais éticas e democráticas. Um movimento que constrói a sua crença com base nas experiências que já existem, afirmando que outra economia acontece e é possível.

A crise sistêmica do capitalismo esta afetando de maneira intensa aos alcunhados “países em desenvolvimento” e a cada dia se evidencia mais que o modelo de produção, comercialização, consumo e finanças do sistema capitalista são predatórios, insustentáveis e excludentes. Neste cenário, os países que integram a região da América Latina e Caribe assumem um novo e importante papel na geopolítica da economia mundial, sobretudo por possuírem grandes reservas de recursos naturais, como água, minérios, petróleo e uma biodiversidade inigualável.

 

O continente Americano também é testemunha do auge e crescimento de diversos movimentos associativos e solidários com bases locais e ações globais. A articulação de experiências e propostas, sobretudo no fortalecimento de uma nova forma de fazer economia, demonstra que há alternativas reais de construção de outras relações sociais e econômicas que estabeleçam um tipo de sociedade baseada na equidade, inclusão e desenvolvimento sustentável.

 

Igualmente é relevante na região a ascensão de governos populares elegidos democraticamente e que desenvolvem esforços para ampliar e melhorar os instrumentos de integração econômica e política que resgate, valorize e fomentem a autonomia e os interesses dos povos do continente. Valoriza-se os avanços na legislação e promoção de políticas públicas e programas governamentais de ordem municipal, regional e nacional para a promoção da economia social e solidária e do comércio justo, ocorrida nos últimos anos em alguns países da região como Brasil, Equador, Colômbia e República Dominicana, que se aspira generalizem por todo o Continente.

 

Destacam-se, como fruto do reconhecimento e articulação entre governos nacionais e organizações de economia solidária, as leis de apoio e fomento da economia social e solidária e do comércio justo que possuem oito dos estados federativos do Brasil e o Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário Brasileiro, recentemente criado. Igualmente se reconhece que no Equador se facilitou a inserção e legitimidade da economia solidária e das finanças populares na Constituição Nacional do país andino, registrando, dessa maneira, a importância de outras formas de organização como são os “setores comunitários”, associações, cooperativas e as unidades econômicas populares, dentre outras.

 

Os avanços e conquistas que hoje existem são inspiradores. Todavia, os desafios são proporcionalmente enormes, requerem permanentemente a construção de espaços de diálogo entre as experiências existentes na região, tendo em vista a construção de um projeto de sociedade que promova a integração latino-americana e caribenha, a partir dos princípios e práticas de uma economia justa e solidária que privilegie a irmandade dos povos em todas as dimensões da vida.

 

Convocamos a todas e todos a participarem V Encontro Latino-americano de Economia Solidária e Comércio Justo: Por uma integração solidária dos povos da América Latina e o Caribe que se realizará de 10 a 13 de junho, no Rio de Janeiro, Brasil. O encontro será um momento de confluência, análise, resolução e construção de estratégias comuns. Espera-se, assim, avançar na construção de uma rede regional cada vez mais democrática, transparente, inclusiva, e capaz de permitir e potencializar a incidência política necessária para a validação de formas distintas de economia(s) considerando a realidade heterogênea das sub-regiões e das redes que a integram

 

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